quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tenue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre imcompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Livro de Mágoas, de Florbela Espanca

domingo, 12 de outubro de 2008

Tudo é vão. Ou não.

“Me deixa.
Quero ser.
Sem começo, sem fim.

Metáfora de mim.
Quero apenas ir.
Me deixa.”


Sobre acreditar.

Acredito em tudo. É isso mesmo. Não entendeu ? eu acredito em tudo. Se você me disser que Adão e Eva nunca existiram, te digo que acredito, mas também acredito que eles existiram, de verdade, ou não (?). E vida após a morte ? acredito, porque senão pra onde vai a alma? ( o que é a alma?), mas também não acredito, porque ninguém nunca voltou pra dizer o que de fato acontece do outro lado (se é que existe um outro lado). Acredito que Deus criou o mundo e tudo o que há nele e também que nós seres humanos descendemos do macaco e tudo existe por conta do big bang, mas que foi Deus, isso sim foi.
Acredito que posso tudo, e que não posso nada.
Entre os bilhares de anos que tudo existe, acredito que não passo de mais um ser humano insignificante nesta terra.
Tudo é fútil, falso.
Tudo é vão.
Ou não.
Se você me disser que estou errada, você está certo.
Se você me disser que estou certa, você também está certo.
Todo mundo tem razão.
A loucura tem razão, pois nada é vazio, nem o zero é vazio, (na matemática existe diferença entre zero e vazio, sabia?).

Posso provar que tudo é relativo, graças à Einstein.

Bjos.
Até mais.
Ou não.

E que rumor é este agora?
O quê anda o vento a fazer lá fora?
Nada! Como sempre, nada!

Thomas Stearns Eliot (1888—1965)