terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"Alameda dos sonhos despedaçados"

Hoje não encontro palavras e é assim que me sinto.

Green Day - Boulevard of Broken Dreams

"Alameda dos sonhos despedaçados"

Eu ando por uma estrada solitária
A única que eu sempre conheci
Não sei até onde vai
Mas é um lar pra mim e eu ando só.

Eu ando nessa rua vazia
Na alameda dos sonhos despedaçados
Onde a cidade dorme
E eu sou o único, eu ando só,
Eu ando só.

Minha sombra, a única que anda do meu lado
Meu coração triste, a única coisa que bate,
Às vezes eu desejo que alguém me encontre
Até lá, eu andarei só.

Estou andando por todo o caminho
Que me divide em algum lugar na minha mente
Na linha do limite do abismo
E onde eu ando só.

Leia as entre as linhas
Que tudo está arruinado
E tudo está bem
Verifico meus sinais vitais pra saber se eu ainda
estou vivo
E eu ando só.

Eu ando nessa rua vazia
Na alameda dos sonhos despedaçados
Onde a cidade dorme
E eu sou o único que anda só.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

"Welcome to the Congo"

Bom, esse assunto é passado, mas só hoje tive a oportunidade de ler esse texto e não podia deixar passar em branco.
Passeando pelos blogs desse mundo digital afora, encontrei uma carta que Luis Antonio Simas (do blog Histórias do Brasil) escreveu a Kevin Neuendorf. Esse sujeito (que por sinal é um exemplo de imbecilidade humana) fazia parte do Comitê Olímpico Norte-Americano. Kevin foi afastado (antes mesmo dos jogos pan-americanos iniciarem) depois que os jornais brasileiros flagraram a frase preconceituosa e debochada que ele desenhou num quadro da sala do Comitê: "Welcome to the Congo".
O texto é longo, mas a leitura vale cada minuto de atenção.


"Senhor Kevin Neuendorf,
Acabo de saber que o comitê olímpico dos Estados Unidos o afastou da delegação norte-americana presente aos jogos pan-americanos do Rio , após sua brincadeira de escrever "Welcome to the Congo" ao chegar à cidade de São Sebastião. O senhor virou até manchete de primeira página de O Globo, com sua foto acima da legenda Uma chegada cheia de preconceitos. Permita-me, então, fazer algumas observações sobre o assunto, ainda que essas mal traçadas nunca sejam lidas por vossa pessoa.
Inicialmente quero dizer que concordo com sua afirmação; somos o Congo. Afinal, vieram de lá, da região do Congo-Angola, só no século XVII, cerca de 700 mil africanos para trabalhar nas lavouras e minas do Brasil Colonial. Nós, os brasileiros, somos, portanto, congos. Somos também jalofos, bamuns, mandingas, bijagós, fantes, achantis, gãs, fons, guns, baribas, gurúnsis, quetos, ondos, ijexás, ijebus, oiós, ibadãs, benins, hauçás, nupês, ibos, ijós, calabaris, teques, iacas, anzicos, andongos, songos, pendes, lenges, ovimbundos, ovambos, macuas, mangajas e cheuas. Todos estes são grupos de africanos que chegaram nessas praias com seus valores, conjuntos de crenças, costumes e línguas - culturas, enfim - para, ao lado de minhotos, beirões, alentejanos, algarvios, transmontanos, açorianos, madeirenses e milhares de comunidades ameríndias, civilizar o Brasil.
Aqui no Brasil, senhor Neuendorf, está rolando uma certa moda de atribuir aos próprios africanos a responsabilidade sobre a escravidão. Todo mundo palpita sobre a história da África, mete o bedelho sem conhecimento de causa e, nesse rame-rame, tem gente dizendo que nós, brasileiros, nunca fomos racistas. Tem uns que, não duvido nada, estão prestes a descobrir que a velha Europa, com seus interesses mercantis e imperiais, nunca quis escravizar ninguém.
Houve até, veja o senhor, um respeitado intelectual brasileiro, Silvio Romero, que, no início do século passado, achou que a única salvação do Brasil era torcer para que a miscigenação se fosse processando com o aumento contínuo do sangue branco. Clarear o brasileiro, eis a solução do nobre intelectual.
Um outro intelectual, Oliveira Vianna, escreveu um livro outrora muito respeitado, que apaixonou gerações de leitores, chamado Evolução do povo brasileiro. Segundo este autor, a salvação possível do Brasil era a nação embranquecida. Para ele, a imigração européia, a fecundidade dos brancos , maior do que a das raças inferiores (negros e índios ), e a preponderância de cruzamentos felizes, nos quais os filhos de casais mistos herdariam as características superiores do pai ou da mãe branca, garantiam um futuro brilhante e branquelo ao Brasil.
Ninguém mais tem coragem de escrever uma barbaridade dessas, Mr. Kevin, mas muita gente, acredite, ainda pensa assim.
O senhor é, não leve a mal a constatação, escroto, preconceituoso, arrogante, obtuso e ignorante. Não há problemas nisso; o atual presidente do seu país também tem essas características.
Acredite numa coisa, sua atitude não me irritou minimamente e nem acho que devessem lhe mandar embora. Sabe o que me irrita, senhor Kevin? Vou lhe dizer rapidamente.
Me irrita saber que muitos brasileiros que se indignaram contra sua atitude pensam no fundo como o senhor e sentem nojo do povo brasileiro. Se irritaram, exatamente, porque nutrem verdadeiro pânico de lembrar que vivem num país mestiço, civilizado pela África, dotado da cultura popular mais rica e múltipla que o mundo conhece.
São brasileiros que marcharam com Deus pela liberdade em 1964, mandam os filhos para fazer intercâmbio nos EUA (como se o seu povo, mr. Kevin, tivesse alguma informação cultural decente para trocar com algum de nós), vivem encastelados em condomínios luxuosos, acham que as empregadas domésticas tem que vestir uniforme e subir pelo elevador de serviço, não gostam de pretos, tocam fogo em índios, não respeitam as religiosidades afro-ameríndias, dizem que samba é coisa de gentinha, frequentam compulsivamente shoppings centers, gastam num jantar o que pagam em um mês para os empregados, vibram quando a polícia executa moradores de favelas e criam filhos enfurecidos e preconceituosos que saem de noitadas em boates da moda para surrar garotas de programa nas esquinas da cidade.
Senhor Kevin, o Congo é aqui! O velho Congo, que revivemos nos maracatus, nos bailes de congo, nos moçambiques, na taieira, na folia de são Benedito, no candomblé de angola, nas cavalhadas, no terno-de-congo, no batuque do jongo e na dança do semba. Somos o Congo porque batemos tambor, batemos cabeça, dançamos e rezamos como lá. Somos o Congo e somos a África, porque somos o país de Zumbi, Licutam, Ganga- Zumba, Luiza Mahin, Bamboxe Obitiku , Felisberto Benzinho, Cipriano de Ogum, João da Baiana, Donga , Pixinguinha, Candeia, Mãe Senhora, Mãe Aninha, Tata Fomutinho, João Candido, Osvaldão, Marighela, Jorge Amado, Martiniano do Bomfim, Solano Trindade, Silas de Oliveira e de tantos outros heróis civilizadores.
Não se preocupe tanto, Mr. Neuendorf. A visão que o senhor tem do Brasil - preconceituosa, burra e mesquinha - , é a mesma visão do jornal que estampou sua foto na capa e a mesma visão da elite do bairro, a Barra da Tijuca, em que seu gesto foi feito. O Brasil oficial, que não ama o Brasil e sonha com Londres, Miami, Paris, Nova York e Madri, pensa igualzinho ao senhor.
Mas sabe o que é curioso, mister? Ao escrever, como um yankee escroto , que estava chegando ao Congo, o senhor não deixou de falar a verdade. O Congo é aqui; com a proteção de Zambiapongo, de todos os inkices de Angola e dos ancestrais do samba.

Sem mais,
Luiz Antonio Simas, filho de Nkosi e Matamba"

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

"A melhor coisa que tenho para lhe oferecer é sempre a verdade." John Powell.

Boa Noite amigos !!!

Hoje vim falar de atitudes.
Tenho passado momentos muito estressantes, e me peguei querendo agir nessa condição, recebendo tratamento rude, pensei em dar em troca tratamento igual (ainda não agi assim, ainda bem), e isso veio atormentanto minha cabeça, tanta raiva, estresse, querendo descontar em quem merece (não nos inocentes), mas lembrei de um grande aprendizado que carrego comigo "não deixe que os outros digam como você deve agir", mas como é difícil ser assim hein ? engolir em seco uma grosseria e ainda ser amável... que Deus me ajude a conseguir agir no amor que Ele nos ensina, porque é muito difícil.
Tento a cada dia fazer com que o amor divino supere o orgulho e deixe lugar à humildade.

Vou postar aqui um texto de um livro que todos deveríamos ler, e digo isso porque não é um livro de auto-ajuda (que por sinal não gosto) mas sim de psicologia, e excelente.


Texto extraído do livro:
Porque tenho medo de lhe dizer quem sou, John Powell.

"O comportamento do ser humano pleno é sempre imprevisível - simplesmente porque é livre."

Agir versus Reagir

A pessoa inteira é um ator, não um reator. O colunista Sidney Harris conta uma história em que acompanhava um amigo à banca de jornais. O amigo cumprimentou um jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo de Harris sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro. Quando os dois desceram pela rua o colunista perguntou:

- Ele sempre te trata com tanta grosseria ?
- Sim, infelizmente é sempre assim.
- E você é sempre tão polido e amigável com ele ?
- Sim, sou.
- Porque você é tão educado já que ele é tão indelicado com você ?
- Porque não quero que ele decida como eu devo agir.

A implicação desse diálogo é que a pessoa inteira é "seu próprio dono", não se curva diante de qualquer vento que sopra; ela não está à mercê do mau humor, da mesquinharia, da raiva dos outros.
Não são os ambientes que a transforma, mas ela que transforma os ambientes.