domingo, 12 de outubro de 2008

Tudo é vão. Ou não.

“Me deixa.
Quero ser.
Sem começo, sem fim.

Metáfora de mim.
Quero apenas ir.
Me deixa.”


Sobre acreditar.

Acredito em tudo. É isso mesmo. Não entendeu ? eu acredito em tudo. Se você me disser que Adão e Eva nunca existiram, te digo que acredito, mas também acredito que eles existiram, de verdade, ou não (?). E vida após a morte ? acredito, porque senão pra onde vai a alma? ( o que é a alma?), mas também não acredito, porque ninguém nunca voltou pra dizer o que de fato acontece do outro lado (se é que existe um outro lado). Acredito que Deus criou o mundo e tudo o que há nele e também que nós seres humanos descendemos do macaco e tudo existe por conta do big bang, mas que foi Deus, isso sim foi.
Acredito que posso tudo, e que não posso nada.
Entre os bilhares de anos que tudo existe, acredito que não passo de mais um ser humano insignificante nesta terra.
Tudo é fútil, falso.
Tudo é vão.
Ou não.
Se você me disser que estou errada, você está certo.
Se você me disser que estou certa, você também está certo.
Todo mundo tem razão.
A loucura tem razão, pois nada é vazio, nem o zero é vazio, (na matemática existe diferença entre zero e vazio, sabia?).

Posso provar que tudo é relativo, graças à Einstein.

Bjos.
Até mais.
Ou não.

E que rumor é este agora?
O quê anda o vento a fazer lá fora?
Nada! Como sempre, nada!

Thomas Stearns Eliot (1888—1965)

7 comentários:

Feänor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Feänor disse...

Teu post me cheira a confusão interna... Estou certo?

"Entre os bilhares de anos que tudo existe, acredito que não passo de mais um ser humano insignificante nesta terra"

Parabéns! Descobriste a verdade... Mas ao mesmo tempo, somos importantes na medida de nossa insignificância. Todos nós. Isso porque se por um lado somos insignificantes, por outro, ela é relativa...

É como eu disse uma vez pra um amigo meu que estava em uma crise existencial. O universo, as pessoas, tudo... Tudo em si mesmo é irrelevante. As coisas só adquirem relevância na medida em que interagem com você.

Quero dizer, com isso, que o universo são os olhos. Nossos olhos. Pensar abstratamente no universo, na vida, nas relações sociais... Nesse monte de conceitos abrangentes e difíceis de imaginar é difícil. Difícil porque a imaginação não tem olhos.

Mas nosso universo não é aquilo que imaginamos. Nosso universo é a impressão que captamos dos nossos olhos. Digo olhos, mas, claro, isso inclui nossos outros sentidos.

Universo é percepção, é isso que quero dizer. Nossa realidade OBJETIVA é aquilo com o que entramos em contato, interpretamos e, a partir disso, contextualizamos na nossa realidade pessoal.

O conjunto de objetos - e uso o termo de forma vaga - por nós interpretados é o nosso universo. E é essa a realidade na qual nos inserimos, é essa a realidade que nos importa.

Veja um exemplo prático. A crise que assola o mercado financeiro. Uma crise derivada de abstrações econômicas com proporções internacionais, e com a qual todos nos preocupamos. Mas... Será que ela é realmente importante para o planeta como um todo?

Não... Com certeza, não é. Aposto contigo que o índio - aquele que ainda o é, sem contato com o homem branco, que vive pelas tradições antigas que regem seu povo desde que surgiram no mundo - continua levantando, caçando, construindo seus aparatos rústicos, dançando em seus rituais etc sem se importar com isso. Tais coisas simplesmente não fazem parte de seu universo.

Mesmo o índio que mantém pouco contato com a civilização branca, ainda que escute falar da crise, sequer dará bola pra ela. Sábios, esses índios... Ignorar o que não lhes diz respeito.

Se quer enxergar bem o que lhe digo, assista o filme "Os Deuses Devem Estar Loucos". Se você resolver assistir e depois quiser que eu explique melhor, me avise - não faço agora porque tenho medo de estragar alguma surpresa.


Onde quero chegar?

A partir do momento em que VOCÊ é a deusa do seu universo, você é que constrói o escopo da realidade que te engloba – é você quem tem o poder para determinar tuas cercanias e teu futuro! Você é quem vai determinar a relevância das coisas.

Vão ou não, esta decisão é única e exclusivamente tua... E ninguém pode tirá-la de você.

Minha cara, espero que a crise pela qual passas termine o quanto antes.

Se precisar de algo, estou à disposição.

Bjs, e melhoras...

Rosane Barboza de Toledo disse...

Jarbas querido, adoro seus comentários. Muito obrigada mesmo.

Bom, vamos à minha réplica....rs.

É irrelevante pra mim ser insignificante, pois isso não vai mudar.
Também é relativo o universo que meus olhos vêem. Pois minha imaginação, apesar de não ter olhos, consegue ver além do que se pode ver, tocar. Meu universo não é aquilo que imagino, mas também o é, porque através de tudo que posso sentir, experimentar, ver, começo a imaginar.

A minha percepção de mundo, a minha realidade objetiva (como vc define) que consigo captar me faz entrar em contato com um mundo na qual desconheço (quase sempre), meu imaginário. É essa realidade (objetiva) que me leva lá, a lugares desconhecidos de minha mente.

Sempre estou em confusão interna, mas no momento que escrevi esse texto estava querendo expressar que na minha percepção, tudo é relativo. Há tantas desavenças, discussões, opiniões diferentes com suas provas ditas irrefutáveis, guerras, neste mundo, que eu particularmente não consigo dar razão a uma das partes envolvidas.

Pense comigo: conhece alguém que gosta de dar razão ao outro e aceita facilmente seu erro? bom, eu não conheço, nem eu mesma...rs.
A gente tende a querer estar sempre certo, é muito ruim confessar que estamos errados.

Por isso que digo, todos têm razão. E é a percepção do universo (como vc disse) de cada um que vai provar isso.

Bjos... e eu realmente espero por alguma luz, que a órbita dos meus planetas internos se realinhem...rs.

"Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam se tratar
De um outro cometa

[...]

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois
sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação! "

Cássia Eller

KathY CatherYne disse...

Einstein simplesmente descobriu o óbvio: TUDO é relativo. A partir do momento que falamos de seres pensantes - pelo menos é isso que se acredita de nós.,.,.- não há + verdade absoluta e universal.


*"Podem te dizer de tudo, mas a minha verdade pra vc é essa:
Tens o dom de escrever."
Obrigada pelo coment - e pelo elogio.

Feänor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Feänor disse...

Minha querida, lendo sua resposta, sou forçado a concordar contigo. Realmente, a imaginação não pode ser dissociada de nossa realidade, afinal, é justamente ela – na minha opinião – conseqüência da interpretação dos estímulos que percepcionamos do exterior, e se presta a preencher as lacunas da realidade que eventualmente não conseguimos sanar com a pura experiência.

E eu concordo com tudo o que dissestes! Tudo realmente é relativo... Nunca acreditei em bem e mal, sempre considerei o maniqueísmo como um reducionismo grosseiro da complexa realidade dos fatos.

Vi uma citação certa vez em algum lugar, mas já não me lembro exatamente das palavras. Era algo assim: “...mesmo a beleza não é absoluta. Afinal, nós, humanos, podemos achar bela e inspiradora a visão de uma bela água sobrevoando, imponente e livre, os céus. Mas, ao mesmo tempo, a lebre que é vorazmente devorada ainda viva por este formidável predador certamente há de imaginar que não há, em toda a criação, ser mais horrível e amaldiçoado do que este”.

Guerras são um bom exemplo. Em que guerra podemos facilmente separar os “bons” dos “maus”? Isso sequer existe? Cada lado luta por motivos egoístas, e reputam sua agressão como justa – mas o referencial da Justiça é sempre a da própria pessoa! Os próprios Direitos Humanos, aliás, são isso: uma política gerada de cima para baixo, imposta pelos países mais poderosos em detrimento dos de menor força política, de forma que seus interesses prevaleçam (mas isto especificamente é uma outra história).

Agora, isso de querer estar certo é realmente um problema... E é algo que eu simplesmente não compreendo. Existem, claro, momentos em que o que importa é apenas conseguir um resultado específico, motivo pelo qual se justifica a busca pelo “estar certo” acima de tudo – um bom exemplo são debates jurídicos. Mas em outras discussões, eu sempre achei mais vantajoso ter a mente aberta e enxergam, tanto quanto possível, de maneira imparcial os argumentos alheios e contrastá-los com os meus próprios.

Nesse ponto, concordo com a filosofia de Sócrates de buscar o conhecimento pelo esforço conjunto, um verdadeiro “parto” das idéias – é o que busca sua maiêutica, chegar ás respostas em conjunto com o outro. Querer estar certo é algo que eu não entendo, de verdade... Não sei se isso está relacionado ao ego. Tenho muitos defeitos e sou o primeiro a aponta-los, mas acho que, justamente por saber tão pouco e ter plena noção desta minha limitação é que não descarto de imediato nem os mais aparentemente absurdos argumentos.

(ainda assim, claro, sou humano, e com um assunto ou outro sou intransigente – um exemplo é relacionamentos. Não importa a justificativa, não importa a lógica, nada importa... Ninguém há de me convencer a me tornar polígamo para “abraçar” minha verdadeira natureza. Não concordo de forma nenhuma com o tal do Amor Livre)


Vou te deixar duas coisas para que você veja e medite em cima deles. O primeiro é um vídeo do Youtube que talvez você já tenha visto. Ele se chama “dancem, macacos, dancem”:

http://www.youtube.com/watch?v=DRJqrLd7MrE

E o outro é um texto, de autoria para mim desconhecida (encontrei no orkut em vários profiles), que trata da insignificância do significado:




“Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre:

- "Por quê estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por quê estou me sentindo assustado agora?"

O Mestre falou:

- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."

Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio,
o samurai perguntou novamente:

- "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"

O Mestre o levou para fora. Era um noite de lua cheia
e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:

- "Olhe para estas duas árvores, a árvore alta
e a árvore pequena ao seu lado.
Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos
e nunca houve problema algum.
A árvore menor jamais disse à maior
"Por quê me sinto inferior diante de você?
Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato,
e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."

O samurai então argumentou:

- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."

E o Mestre replicou:

Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta.
Quando você não compara, toda a inferioridade
e superioridade desaparecem.

Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto
ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo.
Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas.
O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda,
pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Simplesmente olhe à sua volta.
Tudo é necessário e tudo se encaixa.
É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo,
ninguém é superior ou inferior.
Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta.
Na Natureza, tamanho não é diferença.
Tudo é expressão igual de vida.”


Um grande beijo, amiga!

Que tua confusão sublime na mais insofismável certeza de tua importância!

Anônimo disse...
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