quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tenue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre imcompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Livro de Mágoas, de Florbela Espanca

3 comentários:

KathY CatherYne disse...

Nossa, adorei! Não conhacia, valeu o post

Anônimo disse...

uma coisa é certa: se esse poema fala sobre você, então você só pode ser um enigma, ou uma icognita!

Pedro BV disse...

Muito bom este trecho.
Aparece lá no meu blog? ;)