terça-feira, 27 de julho de 2010

desejos

Sobre o desejo. Aonde quer que você esteja, ele sempre vai estar lá, à espreita, esperando uma oportunidade de dominá-lo.

Em "Quando Nietzsche chorou", de Irvin D. Yalom, numa conversa com Josef Breuer, Nietzsche diz:

"A sensualidade é uma cadela que morde nosso calcanhar! E quão habilmente essa cadela sabe mendigar um pedaço de espírito, quando se lhe nega um pedaço de carne (...). Assim, o problema não é que o sexo está presente, mas que faz outra coisa desaparecer: algo mais valioso, infinitamente mais precioso! O desejo, o estímulo, a voluptuosidade... são os escravizadores! A ralé desperdiça a vida como suínos alimentando a vala do desejo. (...) Grande paixão é necessária para derrotar a paixão! Homens demais foram despedaçados na roda da paixão menor. (...) Nossa responsabilidade para com a vida é criar o superior, não reproduzir o inferior. Nada deve interferir com o desenvolvimento do herói dentro de você. Se o desejo o impede, então também ele precisa ser superado."

"A ralé desperdiça a vida como suínos alimentando a vala do desejo", isso é tão forte e ofensivo, mas ao mesmo tempo muito verdadeiro. É só olharmos a nossa volta, quanta gente presa, andando em um labirinto sem nunca achar a saída, respirando sempre o mesmo ar medíocre da vida escravizadora em busca das paixões momentâneas. Deixam de contemplar e compreender o amor verdadeiro dando lugar às paixões e desejos inferiores. Penso que o desejo não deve ser o objetivo final, mas, deve ser necessário apenas para um início de uma busca maior.

Uma grande ilusão (e conheço pessoas maravilhosas que caíram nessa): "viva cada momento como se fosse o último", seguindo uma certa música "deixo a vida me levar, vida leva eu", nada contra quem quer viver intensamente, mas acho que se você não controla seus impulsos e desejos é porque não sabe pra onde quer ir, e se não sabe que rumo tomar, vai chegar a qualquer lugar, pois qualquer lugar serve, como um barco à deriva.

Ah meu Deus, não me deixe cair nesse labirinto. Que minha jornada seja da escuridão para a luz.


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