segunda-feira, 27 de abril de 2009

Imperfeição vazia

Quero ser uma gota,
De um rio. De um mar. De um lago. De um pântano. ..
Quero ser a gota de uma lágrima, molhar a face e morrer no canto da boca, a sua boca.
Quero partir na penumbra, me perder no crepúsculo, me deleitar no lençol dos seus sonhos.

Eu quero que a chuva deságue em mim , que suas águas me levem, me lavem, me libertem.
No horizonte incerto, cansei-me de sonhar. Através de um vidro escuro, vejo as imagens passar em preto e branco, sonolenta, lenta e misteriosa.

Porque há de um dia raiar? Custa me saber que ele raiará, e toda sua plenitude virá à tona, me dizendo “carpe diem” . Pros infernos com o carpe diem!

Quero ser alguma coisa. Coisa sem nome mesmo, perdida em algum buraco negro ou numa nebulosa do espaço. Vasto, confuso, mas meu.
Sou toda confusão quieta.

Quanto mais no céu vou sonhando.
Quanto mais alto vou voando.
Quanto mais em mim vou divagando.
Acordo do meu sonho, e não sou nada.

Apenas uma imperfeição vazia.

Rosane.

“...Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la...” (Perto do coração selvagem, Clarice Lispector)

3 comentários:

Cíntia disse...

Oie querida, tudo bem?
imperfeição vazia é da CL tb? ou é se sua autoria?
Beijo grande!

Rosane Barboza de Toledo disse...

Oi amiga !!! que saudades !!!
Esse texto é de minha autoria mesmo... achou que era da Clarice?poxa fiquei emocionada... hehehe...
bjos.

Branca disse...

Poema muito lindo!!! Amei de fato.

"eu quero que a chuva desague em mim, que suas águas me levem, me lavem, me libertem. No horizonte incerto, cansei-me de sonhar"

Perfeito!!

bjinhos